SAUDADE
Quem disse de que a saudade não mata?
Mata, suave e lentamente como um sopro gelado, como beijo de morte.
A mais triste saudade é provocada pela morte. Só que para nosso infortúnio
tudo morre. Morre para nós, em nós e inclusive, nós.
Morre-nos o cabelo, o vigor, a ideia, a esperança… Morre-nos o dia, o
ano, a família, o amigo…
O difícil da morte, não é o ato de morrer, mas o que deixa de existir
depois dela. O buraco negro que nos mina por dentro, porque, o que nos é usurpado
pela morte rasga uma brecha profunda no nosso espírito. Tão profunda que jamais
o tempo a reparará. E ainda que olhemos o horizonte e sejamos invadidos pela poética
ideia de vermos mais uma estrela a brilhar no céu, virá o momento em que a realidade
nos tocará e nós, criaturas frágeis e com o vício de colecionarmos lembranças, abrimos
o dique das emoções e soltamos o rio da saudade.
Mas, mais doloroso do que sentir saudade é não termos nada nem ninguém que
nos faça sentir saudade.
MFG.
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