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Castanheira de Pera, Portugal
"O Meio-termo é a virtude dos mentecaptos lobrigando a sua incapacidade de tocar o excelso".

sexta-feira, 16 de abril de 2010



O AMOR NÃO EXISTE

O Amor não existe. O que existe é o sindroma do Amor. Um conjunto de emoções, situações e perturbações que nos conduzem a uma dependência a que chamamos de Amor.
Porque o Amor como afecto directo, objectivo e consensual não existe.
O chamado Amor veste-se de gala para seduzir, depressa se despe à primeira contrariedade, porque ele apenas serve um dono, "Eu".
"Eu" amo! "Eu" desejo! "Eu" preciso daquele ser cuja presença me faz sentir bem! Que me acalma o espírito, que me dá prazer! Que por qualquer razão, que a própria razão desconhece, ilumina a minha vida.
É por mim, pelo meu bem-estar que eu o/a vou cativar.
Todas as expressões poéticas sobre o amor são pura fantasia.
O Amor é um sindroma, porque não tem consistência própria como a maioria dos outros afectos. Alimenta-se de sensações marginais. Como ilusão, felicidade, alegria, tristeza, amargura, ciúme, raiva, ódio...
Consome-os à velocidade da luz, numa luta constante contra tudo e contra todos para servir o seu amo, "Eu".
Depois de se embriagar em si próprio, afadiga-se, esmorece. Entrega à dependência, à amizade ou ao dever, a responsabilidade do seu abandono.
O Amor mente, atraiçoa, embusteia, provoca, oculta, censura, exige, reprime...
Impôe regras que ele não cumpre.
Mune-se de todas as armas para cativar. É por essa razão que é tão poderoso.
Por ele se mata, por ele se morre.
É ele que a maior parte das vezes gere o mundo duma forma subtil, cruel e edificadora.
Na História da Humanidade tem manobrado nos nastidores, declarando guerras, transfigurando nações, ditando destinos, provocando desatinos.
O amor é o mais canalha de todos os sentimentos
Um cruel paradigma do mundo dos afectos.
F.G.