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Castanheira de Pera, Portugal
"O Meio-termo é a virtude dos mentecaptos lobrigando a sua incapacidade de tocar o excelso".

domingo, 7 de novembro de 2010












DEUS E EU
                              
Sempre que ouço falar de Deus oscilo entre a crença e a suspensão desse Deus ausente e permissivo cuja existência me queimaram a fogo na minha consciência, e que com o livre arbítrio se desresponsabiliza das interrogações que tenho feito desde criança.
Um Deus que afirmam ser Omnipotente e Omnipresente o que significa que observa tolerante todos os crimes absurdos que vão cometendo as mentes canalhas.
Um Deus que abandona milhares de inocentes à mercê dos seus carrascos por causa dum Filho que mais tarde deixa sacrificar cruelmente, como se pela bondade e amor pelo próximo devesse ser castigado.
Um Deus que nos ensina a pintar de sangue as moradas e que exige que os promogenitos lhe sejam oferecidos num altar para celebrar o dom da vida, ainda que venha a  rejeitar.
Um Deus que envia pragas para castigar um povo descrente sem atender aos inocentes.
Um Deus que segundo as Escrituras fez chegar a Sua voz à Humanidade apenas num dado momento há milhares de anos algures num país distante, através Arca da Aliança.
Um Deus que coloca a Mulher num patamar abaixo do Homem, negando-lhe o direito da igualdade e que a culpa do Pecado Original, ainda que ordene: Crescei e multiplicai-vos! A Mulher que devia ser glorificada por ser a detentora do Berço da Humanidade.
O mesmo Deus que utilizou a pureza duma mulher para a gestação e criação do Seu Filho, para mais tarde ela ter de assistir ao seu derradeiro sacrifício a bem dos Homens.
Um Deus que nos promete o Paraíso e ameaça com a provação de cruéis castigos, mas que ignora os milhares de crianças que morrem de fome ou doença, enquanto a ganância e a ferocidade imperam, fazendo apodrecer o ventre deste mundo em que vivo.
Um Deus que estabelece regras para gerir emoções, definindo conceitos de moralidade, mas que criou um mundo onde se tem de matar para sobreviver e sacrificar para purificar.
Um Deus que tem sobrevivido ao decorrer dos milénios pela ignóbil inspiração dos que se alimentam da desesperança dos filhos da desgraça que mergulhados nessa ilusão fanática vão contribuindo para a criação de novos cultos que proliferam por este mundo fora. Todos em nome desse Deus completamente cego ao apogeu e glória em que vivem os seus auto-promovidos intermediários.
Este Deus permanecerá eternamente surdo às lamúrias, às rezas e às promessas de quem acredita que possa ser salvo socorrendo-se duma crença milenar por não ter capacidade para moldar o seu carácter a fim de expurgar as suas imperfeições.
É lamentável que impere sobre a Humanidade uma ameaça ainda que ilusória que fustiga com o medo duma visão Dantesca as consciências mais acanhadas, não para impedir a guerra, a fome, o crime ou outro mal maior, mas para levar multidões a subirem os degraus dos templos para adorarem santos feitos por habilidosos artífices.
Mas com ou sem fé nesse Deus o Homem continuará  um imparável aniquilador em nome da ciência e do progresso, porque ironicamente a inteligência, a maior competência que lhe foi atribuída, é usada de forma insana.
Não acredito que vejamos outro Paraíso senão este em que vivemos e a ser verdade que esse Deus exista há muito que nos abandonou.
Acredito num Ser Supremo que poderá administrar o Universo, apenas isso.
Acredito na Espiritualidade que cada um tem dentro de si, que muitas pessoas teimam em ignorar.
Acredito que a fé mova montanhas, mas a fé em nós próprios!

M. Fátima Gouveia
http://abnoxio.weblog.com.pt/arquivo/2008/10/aparicoes_de_fatima_em_project

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