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Castanheira de Pera, Portugal
"O Meio-termo é a virtude dos mentecaptos lobrigando a sua incapacidade de tocar o excelso".

segunda-feira, 31 de maio de 2010



QUEM EU SOU?


Uma pergunta que tenho feito a mim própria, mas não atino com a resposta.
Sou igual a ti, àquela, ou outra qualquer pessoa que caminha pelo mundo.
Como a gente que se cruza na minha vida, ou como às vezes gosto de dizer…trespassa-a.
Como um vórtice agitando o âmago do meu ser.
Agora, é muito frequentemente ouvir dizer, de forma sobranceira e com denotado orgulho, que nunca se arrependem dos caminhos escolhidos, ou das atitudes tomadas.
Admiro tal garantia, em acertaram milimetricamente na excelência dos seus actos, ou a vaticinarem o futuro.
Eu, modesta e humildemente confesso. Errei!
Errei a cada passo que dei. Por inexperiência, imutabilidade imposta por terceiros, lorpice? Porque não? E muitas mais razões…
Não me incomoda dizê-lo. Porque na existência, estamos condenados a ser eternamente catecúmenos.
Gostaria de ter a possibilidade de voltar a trás, para emendar o que fiz de mal.
Modificar vontades, criar novos projectos, alterar o fio condutor do destino.
Uma utopia sem fim à vista! Porque erraria novamente. Noutras coisas, claro!
Tenho noção do meu valor. O valor exacto duma formiga, duma borboleta, dum beija-flor…
Faço parte dum puzzle, que vejo dia a dia, desmoronar-se.
A factura daquilo a que chamam evolução. Uma engrenagem complexa gerida pela ganância e abuso de poder. Mais complicado do que isso, a torre da Babel já tem uma imensurável altura.
Sou pequenina, mas tão pequenina, que acredito que um dia virá um pé lá de cima para me esmagar, numa escandalosa indiferença, como o fazemos com os bichinhos, quando pisamos a terra. Que também são necessários. E têm direito a viver.
A minha vida semelha-se a qualquer coisa…como uma folha de árvore.
Numa árvore, as folhas parecem todas iguais, mas são diferentes: Na forma, na cor, no tamanho. Umas morrem à nascença, outras resistem à força do vento e outras caiem ao menor sopro. Mas todas elas nascem da mesma forma, e acabam inevitavelmente por tombar no chão, devoradas pelo “sistema”.
Miro-me ao espelho e estranho-me.
Recuso ser aquela mulher de olhar fixo que tenta perscrutar-me a alma. Cuja idade vai riscando de branco os cabelos que resistem ao passar da escova, ao passar do tempo.
Recuso ser, as rugas que abrem sulcos profundos no meu rosto. E que impiedosamente, e contra os meus protestos, vão danificando todo o meu corpo, transformando-o num velho e seco pergaminho.Recuso ser, os olhos tristes que vejo, cravados na memória das imensas frustrações e conflitos que marcaram meu passado.
Recuso ser, o que transpareço. Ainda que… não tenha outra forma de me apresentar aos outros.
Afinal quem sou?
Sou: O sangue quente que me corre nas veias, que se revela na face em momentos de exaltação.
Sou aquilo que não confesso: O sonho, a arte, o desejo, a aspiração, a alegria…que me fazem enfrentar a vida com tanta emoção.
Sou: A dor, o amor, o ódio e a raiva, comprimidos num só momento.
Não sou nada!

F. G.

1 comentário:

  1. Adorei a maneira como se apresenta.
    Se todos tivessemos a coragem de fazer uma viagem de introsppecção chegariamos concerteza á mesma verdade.
    O meu lema é " conhece-te a ti próprio"
    Para saber quem sou, tive primeiro que me conhecer.
    Por isso estou plenamente de acordo consigo.
    Um abraço, Joaquina

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